sexta-feira, 15 de julho de 2011

Invasão de Privacidade


Estamos na loucura de procurar emprego diariamente, checando todas (as muito poucas) possibilidades. Há muitas vagas para “comercial”, “promotor”, “delegado” e outros nomes genéricos e “disfarçantes” para vendedor.
Nesse caso são vendas  Door to door (d2d).Exato, porta a porta, de produtos diversos: telefones, canais de TV a cabo, internet etc...
O Bruno chegou a acompanhar um dia de um vendedor, como “treinamento”, coitado.
O promotor tem um plano de ataque diário, com vários prédios e lá vai, com o produto disfarçado e ele mesmo sem nenhuma identificação, tocar a companhia e bater ás portas. Aqui não há portaria, há somente o interfone, sem câmeras, e mesmo assim, PASME, as pessoas abrem a porta. A vendedora se identifica somente com o nome e pronto, basta.
Então deixam o vendedor entrar e falar, falar, e convencer custe o que custar os velhotes a adquirir o produto. (veja bem, embora os produtos sejam relacionados a tecnologia, a maioria da população aqui é de idosos aposentados!!!)
A coisa chega ao absurdo- de ambas as partes- de, se interromper uma refeição, pedir uma fatura, espiar na casa, e opinar sobre as escolhas da pessoas; e, em contrapartida,  alguns clientes oferecem umas sardinhas, um cafezinho....
São quase 12h de trabalho e uma média de 125 apartamentos visitados para, nesse caso que o Bruno acompanhou, bater-se a meta de vender 2 aparelhos telefônicos. É de se tirar o chapéu para esses vendedores, batedores de meta.
Ficamos pensando cá com nossos botões a improbabilidade dum negócio desses em São Paulo. Não abriríamos as portas, não daríamos brecha para nenhum discurso, e se irritasse muito, bateríamos, com o maior respeito, a porta. Em no máximo 10 segundos a conversa teria acabado. Somos traumatizados e calejados com o telemarketing. Somente o Yakult resiste ao D2d.
Aqui, o povo simpático, receptivo e bom de papo, essa conversinha aliciante dura mais de 20 minutos. Mesmo que o cliente em potencial tenha se negado por mais de tantas vezes a comprar o produto, ou estivesse realmente ocupado, a conversa segue até que um dos lados se dê por vencido. O que pra nossa sensatez soa deveras inconveniente e desrespeitoso.
Para esse tipo de emprego nossas portas estão fechadas, outras se abrirão.



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